quinta-feira, 2 de junho de 2011

Escherichia coli,a bactéria que está aterrorizando a Europa

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, hoje, que é uma nova estirpe nunca antes detectada da bactéria E.coli. Alguns testes preliminares mostraram que a bactéria é uma forma mutante de dois tipos diferentes de E.coli. “É uma nova estirpe que nunca foi isolada em pacientes”, disse Hilde Kruse, especialista em segurança alimentar da OMS. “Tem várias características que a tornam mais virulenta e fazem com que produza mais toxinas”, comparada com as centenas de estirpes de E.coli.
Alguns cientistas chineses, que têm também examinado a bactéria no Instituto de Genómica de Pequim, também afirmaram que esta tem genes que a tornam resistente a certos antibióticos.Esta estirpe tem provocado centenas de infecções, cujos sintomas principais são diarreia com sangue e insuficiência renal, mas apesar destes efeitos nefastos, a E.coli é uma bactéria normal do intestino e que todas as pessoas têm, pois é importante para a saúde. No entanto, “pode ganhar outras funções pela transferência horizontal de genes, tornando-se transportadora de toxina.
É uma bactéria intestinal que fora do intestino dá muitos problemas, como a insuficiência renal”, explicou José Moniz Pereira, coordenador do Centro de Patogénese Molecular-Unidade dos Retrovírus e Infecções Associadas da Universidade de Lisboa (UL).Trata-se de uma estirpe com capacidade de produzir toxinas que provocam no ser humano gastroenterites agudas, com cólicas abdominais, diarreia com sangue, febre moderada e vômitos, sintomas que podem evoluir, por força da queda do número de plaquetas, para uma síndrome hemorrágica, e em alguns casos pode tornar-se mortal. Nesta fase mais grave, conhecida por síndrome hemolítica-uremica (SHU), a infecção já está espalhada pelo organismo.
De acordo com José Moniz Pereira, neste estado os vasos sanguíneos são afetados pela E.coli, na medida em que já entrou na circulação perturbando sobretudo as funções renais, com danos por vezes irreversíveis.Esta estirpe patogênica da bactéria é de origem animal e José Moniz Pereira acredita que pode ter sido transferida para vegetais que possam ter estado em contato com dejetos animais, através das águas de rega ou durante o transporte, venda ou preparação.É por isso que é importante que os vegetais sejam muito bem lavados, principalmente quando são ingeridos crus.
Uma vez que as bactérias sucumbem a temperaturas superiores aos 70 ºC ou inferiores aos 20 negativos, as hortaliças que são cozidas durante dez minutos não apresentam este perigo de infecção e se forem ultra-congeladas também não.Estas bactérias podem ser resistentes a muitos antibióticos, devido a “um plasmídeo de resistência, um elemento genético extracromossómico que faz com que a bactéria ganhe mais funções”, afirma José Moniz Pereira.
Já Miguel Vicente Muñoz, investigador do Centro Nacional de Biotecnologia espanhol, afirma que “eliminar qualquer E.coli é difícil pois estão protegidas por uma capa de três camadas (outras como as da pneumonia só têm duas). Além disso, as estirpes mais patogênicas têm genes de resistência a vários antibióticos e possuem inclusive mecanismos para aumentar a produção da toxina quando se pretende eliminá-las. O antibiótico em vez de curar pode agravar o problema”.



Fonte: Organização Mundial de Saúde

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