sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

35% da coleta seletiva de São Paulo acaba no lixo comum


Boa parte do lixo que o paulistano separa, lava e guarda pensando que será reciclado vai parar no aterro, misturado ao lixo comum. A aposentada Ilka Piquet, 73, moradora da Vila Madalena (zona oeste), separava embalagens de vidro, papel e isopor para serem levados pelo caminhão de coleta seletiva.Mas, por uma sucessão de falhas e de falta de fiscalização por parte da prefeitura, uma parte desse material, em média 35%, não será reaproveitado.
Muitos dos caminhões, por exemplo, fazem uma compactação excessiva do lixo, quebrando vidros e fundindo plásticos -o que impossibilita a separação. Além disso, alguns itens, como embalagens de xampu ou papel de presente, não têm compradores. Há mais falhas.Na Vila Madalena, bairro da dona Ilka, quando o caminhão da coleta seletiva não passa - o lixo é levado pelo caminhão de lixo comum e, portanto, direto para o aterro.
Segundo moradores, o caminhão da coleta seletiva não passa por lá desde o início deste ano. "É uma grande sacanagem, o tempo que a gente perde para nada", disse a farmacêutica Cilene Camiloti, 46. O desperdício reduz ainda mais a margem de lixo reciclável da cidade, que em 2008 foi de 7% do lixo domiciliar passível de reciclagem e menos de 1% do total produzido.
Apenas pouco mais da metade dos paulistanos têm coleta seletiva na porta de casa -os outros 5 milhões precisam transportar o próprio lixo até um posto de coleta. Na cooperativa de triagem da Vila Leopoldina (zona oeste), o desperdício, segundo a coordenadora Jacy Cardoso, é de 40%. Ela diz que um dos problemas é que as empresas que coletam o material prensam o lixo."Se o caminhão chega muito cheio, com mais de 3,5 toneladas, nem deixo descarregar. As garrafas vêm moídas, o plástico dentro da lata, os papéis destruídos, tudo amassado", diz.
Por falta de compradores, a cooperativa não aproveita, por exemplo, embalagens de xampu, de catchup e de mostarda, papel de presente e potes de gel. Isopores estão há cinco meses empilhados na triagem da Sé (centro) aguardando comprador. Lá, porém, o desperdício é menor, cerca de 18%. Na da Mooca (zona leste), onde o rejeito chega a 50%, há um amontoado de galões plásticos na mesma situação. Dados do Instituto Pólis, que atua no setor, indicam que 35% do lixo reciclado é desperdiçado.
As 16 centrais de triagem da capital, cooperativas que operam em locais cedidos pelo poder público, são cadastradas pela Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana) e recebem a coleta da prefeitura, além do que elas mesmas coletam.


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